Eu e o meu desejo

Eu quero. Eu desejo.
O meu querer e o meu desejo me movem e me tolhem ao mesmo tempo:
continuidades e rupturas.
Eu quero como eu quero.

E não quero quando o que quero não é como o meu querer; como eu quero.
Quero querer querendo o que quero…
Quero não querer o que quero… Quero?
Quero querer saber se o que eu quero, eu quero. Quero!

Fonte inesgotável do querer, o meu desejo me alimenta pelos sentidos: mãos, olhos, ouvidos, nariz, boca.
O teu ou o meu desejo de querer me invadem? Me ofendem? Me vilipendiam?
Que frio, que escuro, que nada… o simples e inevitável desejo de querer…
Quero sonho, quero vida, quero cor, quero pulsação, quero gozo, quero dor.

Não importa o que seja, QUERO!
Tua mão suja me/se move de dentro de mim, revira-me e tira o que nem existe em mim…
Quero ser tu! Queres ser eu?
Nego-te! Anula-me?

E no fim, nem eu; nem tu; nem sonho; nem vida; nem morte; nem principio, meio, fim; nem nada…
Só resta a doce ilusão de que sendo… torna-se, o ambíguo presente de que fomos e seremos…
Só resta o ar, a lágrima, a ausência e o meu querer de ser, não sendo, pois o meu desejo me matou.

 – Tiago Geraldo, Barreirense, graduando de pedagogia pela Fajolca e de Jornalismo pela UFPE, psicanalista didata em formação.

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